sexta-feira, 9 de novembro de 2007

PÁG5 - GENE


- “Até aqui sei eu, sabe o senhor, sabe todo o mundo que quisesse saber. Mas há, infelizmente para alguns (e são bastantes), um “mas” que você não sabe. Dê-me vinte minutos e a minha missão estará cumprida. Não tem por aí nada que se beba? Se também quiser, traga para si algo forte.”
Virando as costas pela primeira vez àquele desconhecido, dirigiu-se a um bar elegante, bastante dourado acompanhado por um toque turqueza. Quando novamente regressou para a presença da estranha personagem, possuía já dois copos de wisky, sendo quase três quartos do copo composto por gelo, substância que pressagiava ser precisa a cada momento que as cordas vocais do grosso pescoço daquele estranho suavam lentas palavras.
- “ Vou tentar ser o mais curto e breve, mas inteligível. Estou aqui a cargo de uma organização filial às forças secretas. O que dá já para entender o porquê de eu saber os seus dados pessoais. É você quem menos sabe da sua vida. Está agora a passar um ano que o seu pai, em conjunto com mais algumas pessoas, participava num projecto secreto. É do conhecimento geral o actual estado da divisão da região de kapuna em duas partes: Emausa, à qual nós nos aliámos e, como oponente, temos Manéla. Estavam a pesquisar o desenvolvimento de uma arma, que o não era bem. Essa arma seria financiada por Emausa. O problema foi a sua mulher!”.
Van Drolen disse aquilo com tal naturalidade que Diogo apenas processou o impulso de querer iniciar um discurso de indignação. Tudo era ridículo! Esse professoreco só poderia estar completamente afectado na moleirinha.
A seriedade de Drolen prosseguiu ao longo do monólogo que estava a ser tomado como uma história absurda e inundada de imaginação, tal como o dilúvio que se travava para lá da vidraça. A noite tinha ficado da cor do breu. O nosso refastelado homem não se parecia preocupar. Afinal de contas, o que poderia acontecer perto daquele monstro enorme de ombros largos e gabardina até aos tornozelos?
- “Sei que me deve estar a tomar por louco, ainda o vai achar mais, mas o pior são as provas.” E fez silêncio novamente, ao passo que em Diogo a sua consciência travava uma luta de ideias em tão alta voz que Van Drolen apercebia-se dos seus pensamentos. – “É verdade que você conheceu a sua mulher duas semanas antes de rebentar a guerra entre Emausa e Manéla. Casou com ela dali a quatro meses, sendo ela morta na véspara do quinto. Na realidade, a nacionalidade dos pais dela não era Emausa mas sim Manéla e o seu pai soube disso e muito mais. Ele soube que Helena Petrovena era uma espia e que tinha descoberto o que o exército estava a produzir. Creio que é nesta parte que não vai de maneira nenhuma acreditar. Neste momento, já posso divulgar que tipo de arma, ou melhor, que substância é que o nosso país está a produzir secretamente. Trata-se de um líquido que se assemelha em tudo á água e se for mesmo depositado nela é dificilmente identificado e impossível de ser retirado, a não ser que se lhe junte uma outra substância, o mesmo que dizer, um tipo de antídoto. Fabulosos mesmo são os seus efeitos: esta substância tem uma função auto-hipnótica. É difícil de compreender, mas leva a informação da missão na sua estrutura, tal como as cadeias de D.N.A.
Esta substância tem como vitimas as pessoas chegadas àquelas a quem se pretende eliminar. Ou se disseminado numa população, poderá levar à sua auto-destruição. Imagine a carnificina que tal produto pode provocar. Por favor, e peço-lhe que continue a ouvir-me, pois toda esta informação lhe será útil, isso eu lho garanto, quer queira quer não!”.

Sem comentários: