segunda-feira, 12 de novembro de 2007

CARTA AO QUE TU ÉS


Quando tentei escrever uma palavra nem uma me surgiu. Sei que te devia dizer tantas coisas mas junto ao meu coração há um vazio onde existe um eco, que repete vezes sem conta, que tudo o que tenho para te dizer, já tu adivinhas em mim.
E porque estranha força da Natureza também eu suspeito dos teus modos de ser. A minha mente está submersa em dúvidas. O que nos atraiu? Os nossos nadas talvez, o nosso vazio interior. A simplicidade de nada querer-mos, o básico de ficarmos felizes se tocamos em assuntos como o céu estrelado. Acompanho o tempo alienada, mas eu sei que na terra tenho de colocar os pés, e desta vez só para te dizer: que vou alongar esta mensagem para além do suportável da tua paciência. Perdoa-me a provável longevidade. Só o faço para estar um pouco mais à frente dos teus olhos, presente (ou ausente) da tua mente. Em tuas mãos. Acrescento, com o mesmo objectivo (de não te aborrecer) que o que eu possa aqui dizer não tenha qualquer sentido. Mas pode ser que a tua alma nobre se compadeça da minha falta de ideias e de senso. Um passo adiante, e chego ao espaço das constantes questões. Também te questionas, sobre que estranha força da Natureza nos atrai? Porque será que cada palavra que proferimos um ao outro, esta se assemelha a uma peça de puzzle, que se une a outras sucessivamente! Tu descobriste o meu calcanhar de Aquiles. É verdade que sou insegura. Mas acredita que dúvida não é, nem nunca será defeito. Ajuda-te a nunca caíres em erros. Mas que digo eu. Tu não és um erro. Tu és uma certeza em mim. Perdoa-me se eu sim, errar. Se eu me precipito a ajuizar-te, mas o meu interior acha que te encontrou. O meu interior acha que te descobriu quem tu és ou que sonha como tu serás.
Começo pela parte má. Não acredito, que sejas sempre tão doce, meigo, dedicado, alegre. Ninguém é. Mas mesmo enfurecido, deves ser belo. Mas esta parte, não pretendo presenciar, apesar de ter noção de que posso ser provocadora e desvairar o mais sereno ser.
A tua parte em maior percentagem. A tua parte boa. Vou esquartejar-te em três: físico – psico – moral. Não consigo imaginar o teu rosto e como fico triste por não saber como é o teu olhar. Como é o teu sorriso. No entanto, agradeço à minha imaginação, pelo mínimo que ela me concede. Sem te ter aqui, ela me dá a conhecer o teu perfume, o teu tacto. A pele do teu corpo deve ter o cheiro de terra molhada com ar de Outono. A musgo e a uma floresta de bétulas e choupos. E o teu toque de violetas bravas orvalhadas.
Descubro em ti além de nobreza, um homem de bem, isto é, prudente, bom, corajoso e confiante. Que és alegre mas discreto, inteligente com interesses em temas actuais, mas que não sejam “ocos” nem frívolos. Culto e conhecedor sem necessidade de exibições nem de petulâncias. Não me proíbas de dizer a verdade. De dizer o que acho de ti e que mereces que seja dito.
Tu és isto para mim. Deixa-te estar, mas eu ainda não terminei. Amigo, fiel e correcto, que como eu nada ambiciona. Só deseja que lhe sejam concedidos desejos muito cândidos e simples. Nós desejamos….a felicidade.
Tu entendes-me e eu procuro te entender. É essa a magia louca que nos atrai. Obrigado por existires. Obrigado por me fazeres tão bem. Por aceitares os meus devaneios.
O meio onde vivo é muito belo e saudável, sem confusões. Mas o pior, é o sacrifício que faço para me manter alegre. O pouco que circula por aqui, nem sempre é de qualidade e acabo quase sempre só…vazia. Retendo dúzias de pensamentos, que gostava de partilhar com o mundo. Aceitas este pedaço de mim, que ninguém quer? Já tentei começar milhares de assuntos, mas nenhum consegue ficar o tempo suficiente para eu o passar para o papel. Como já te disse, deixas-me sem palavras. Fecho os olhos e a tua voz me abraça. O que eu mais gostava de ver em ti era o teu respirar. Sentir os movimentos da tua caixa torácica. Ouvir o bater do teu coração. Ver-te ao pôr-do-sol, passeando nas margens do …Estou triste, e amaldiçoo-o este papel, porque ele vai estar nas tuas mãos. Tu vais-lhe ditar um destino. E eu, mesmo que continues a suportar-me, quando nos cruzaremos. Não quero pensar nisto, quero estar feliz… e uma palavra basta para que sorria – Encontrei-te.

…pensei que era fácil te escrever mas nunca me foi tão difícil encontrar algo para dizer.

Não me despeço. Digo-te até já. Não te mando um beijo. Mas sim todos aqueles que precisares.
Por Eumesma

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