quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

A PASSAGEM

Fim de um ano, fim de um ciclo, fim de uma sucessão de minutos e espaços, sensações e olhares. O termino de algumas dezenas de dias, que passam iguais em tempo e em estações, mas que em ti, deixam a marca da maturação. Não resistes, Avanças. Se recuas, é porque te aniquilas a ti próprio.
Que tenho eu quando olho para trás, que tenho eu fragilmente que agradecer. Que dons, que dádivas me foram proporcionadas que compuseram o corpo e a alma do ano que termina.

Deixo aqui pequenos apontamentos do que em determinados momentos da "estória" deste ano foi levada a meditar:

A cor do meu ano!
Alguém me disse, que tinha uma sombra negra sobre a cabeça. Que sempre, que engrenava certos pensamentos a minha aura se escurecia. E os elementos em meu redor eram como que seleccionados directamente de uma paleta de escuridão. Porquê? Porque escolhes corvos, dias cinzentos, sangue e vísceras, trevas e olhares gelados...Não sei! Creio que faz parte, como que, a contrastar com um mundo de luz. Sem o preto como podemos saber o que é branco. Sem o preto...como podemos chegar aos cinzentos...Foi um ano que mais uma vez utilizei o negro e as suas irmãs cores em escuridão, mas aprendi a não ter medo dessa escuridão. Aprendi que podem apenas ser a parte escura da sombra de uma árvore ao sol, num dia fresco de Primavera. Que pode ser os contornos de um corpo a passear na praia, que pode ser o rasto de um animal...milhares de coisas que precisam de um q.b de escuridão para manifestar as suas mil cores, em todo o seu esplendor. Por isso a minha cor este ano foi o cinza brilhante, o cinza que cintila, o cinza que reflete, o cinza que embleza, o cinza que faz renascer tudo de si próprio.

O sentimento do meu ano!
Que aprendi eu mais no meu interior. Que a saúde mental e fisica é realmente o pilar de toda a segurança, de toda a confiança, de todos os exitos. Mas abaixo desta dádiva que nem sempre se mantem pura e que na nossa fragilidade humana, nos atinge com enfermidades, está um outro sentimento que deve habitar em nós, e se formos possuidores dele, metade das nossas dores serão superadas. Esse sentimento, é simples, esse sentimento não pede nada em troca. É despido de qualquer complexidade e força. Esse sentimento é a PAZ. O dom da paz. Tudo o que reveste a paz é doce e contagia de tranquilidade e ternura. O quanto estão errados aqueles que julgam a guerra e as guerrilhas, os odios e invejas como armas de arremesso. São apenas bomerangues envenenados. A PAZ será sempre a arma mais desarmante que o ser humano vai encontrar. O que nem sempre se tem é um olhar sereno, sem córneas ejectadas de sangue que lhes permita ver esta pura verdade. Eu vivi a PAZ neste ano e fui feliz. Seguirei a PAZ, até onde as minhas fraquezas me conseguirem deixar segui-la, porque sei que ela me fortalecerá.

O gesto do meu ano!
Quando muitos cientistas chegam à conclusão que o Homem é um ser fantástico, por muitas coisas, entre elas o facto de se deslocar de forma bipede, de ter um dedo oponivel..etc...estes factos não podem ser só encarados como melhorias evolutivas, que nos ajudaram a fugir de predadores ou a elaborar objectos, mas também por facilitarem a nossa comunicação. Que outra espécie consegue perceber o significado de um abraço. De muitos outros actos de afecto: como sorrisos, beijos, carinhos, sussurros, escolhi o abraço. Quero abraçar e deixo que me abraçem todos os meus amigos, todas as pessoas de bem que vem por bem. Um abraço é um apoio, é uma ligação. É o elo que me liga orgulhosamente a outros seres humanos fantásticos. É estar em redor de outro, fora dele, mas tão com ele, que nada mais na Natureza nos possa separar...

Pela hora avançada da noite, deixo incompletas as minhas palavras...porque queria aqui transcrever todas aquelas que bailam num ecoar, em meus pensamentos. Mas por hoje deixo a noite me vencer, os sonhos me tomarem. Quem sabe talvez, para me revelarem o que sonho para o Novo Ano, que está prestes a chegar, se conscientemente, não sei que mais desejar. A grande conclusão que tiro, é que estou feliz. Não importa com o quê, porquê e como. Estou feliz e isso basta.

O minha frase para o novo ano!
Uma frase que adoro de autor desconhecido - "Tudo isso que te preocupa de momentos é mais ou menos importante, o importante é que sejas feliz."

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

DRÍOPE

Acrílico sobre tela
40 x 40
Valor de venda: 150 €

A
dríade ou dríada, na mitologia grega, era uma ninfa associada aos carvalhos. De acordo com uma antiga lenda, cada dríade nascia junto com uma determinada árvore, da qual ela exalava. A dríade vivia na árvore ou próxima a ela. Quando a sua árvore era cortada ou morta, a divindade também morria. Os deuses freqüentemente puniam quem destruía uma árvore. A palavra dríade era também usada num sentido geral para as ninfas que viviam na floresta.

em wikipedia




segunda-feira, 20 de outubro de 2008

DENTES DE LUAR

Acrílico sobre tela
30 x 30
Valor de venda: 120 € (Já prometida a um amigo JFG, falta arranjar tempo para a entregar)

Experimentei um novo fundo para esta tela, pelas razões óbvias no resultado obtido.
Para título escolhi "Dentes de Luar", numa espécie de trocadilho entre Dentes-de-Leão (uma espécie de flor selvagem para quem não sabe) e pelo outro elemento constante na tela (a lua).
Porem também lhe podia chamar "Cebola", pois, quando a minha mãe viu a tela, virou-se para mim e disse:
- parece "semente" de cebola
E lá se foi a minha visão poética do quadro, e ficou bem mais telúrico e real.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

RELÓGIO

Acrílico sobre tela
30 x 40
Valor de venda: 150 €

Ao contrário da anterior, até ao momento é desta que mais gosto. Consegui conjugar um conjunto de cores interessante. Quanto ao elementos que constam nela, já me disseram que faz lembrar "Alice no país das Maravilhas", mas curiosamente, não era nem de próximo a minha intenção. Mas lá terei de admitir, observando agora que terminei, que toca no nosso inconsciente como algo parecido com essa história infantil e inocente / ou não !!!

Para que se possam ver pelo menos diferenças no estilo:


6º ELEMENTO

Acrílico sobre tela
30 x 40
Valor de venda: 120 €

Apesar de gostar dos elementos que escolhi individualmente. Das várias telas que fiz até ao momento, esta foi a que menos gostei, como resultado final.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

AMORAS E CASÚLOS

TRANSPORTAR FLUIDOS

ESPIRAIS

CUBOS ELEMENTARES

SEPARA-TE DE MIM



São longos e penosos os momentos a teu lado.
Proibires-me de te tentar ler e possuir é uma imposição demasiado severa quandoo simples encosto ao teu ombro seria o maior dos prazeres.
O delirio ofegante da fantasia que me negas.
A barreira invisivel pelos centimetros de afastamento imposto é um amargo que corta como lâminas as pontas dos meus dedos.
Desejo te tocar furiosamente mas as minhas mãos embateram nesse muro erigido de indiferenças.
Se eu não estou autorizada a transpo-lo, como posso gastar energias imaginando, que tu podes transgredir as tuas próprias imposições.
Regras quebradas não fazem parte do teu fio lógico.
Se o teu sangue ferve ou o líquido te sobe ao olhar porque estou diante de ti!
Desconheço...
Mas desejava-o.
Pouco me resta se estamos lado a lado, mas se os espirítos ocupam universos destintos.
Cabe-me a tarefa mais vergonhosa.
- Ser cobarde.
Desistir e abortar o impulso que a minha curiosidade e o meu desejo provocam e abrandar.
Parar e largar a cauda do teu destino.
Fraca de mente se pensei que podia fazer parte dele.
Nunca estive nele.
Fui um ponto invisivel.
Nunca me quises-te, nem a simples ideia de mim.
Fico aqui, prossegue o teu caminho de dores e de alegrias.
Estou cansada.
Gastei apenas o tempo e o último lanço de energia, a ver-te partir.
A observar as tuas costas.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

PONTO DE APOIO

Ponto de Apoio foi daquelas telas que me fez sentir um bem estar quando a terminei, porque foi daquelas imagens, que após a sua conclusão, estava muito próximo daquilo que tinha imaginado, daquilo que pretendia. Em si, estão os elementos, que eu propria admito que caracterizam o meu estilo: Corpo humano, Natureza e as cores que mais utilizo, e ainda aquilo que muitos consideram o meu estranho gosto por pintar "bichinhos".

Acrílico sobre tela (Minha 2ª Tela)
30 x 30
Valor de venda: 120 € (Oferecida a uma Grande Amiga)


RODA DA FORTUNA

Acrílico sobre tela
30 x 40
Valor de venda: 150 €

Aceitei o desafio :)
Apesar de ter um certo calcanhar de Aquiles para persistir, pelo menos iniciei o processo daquilo a que me desafiaram - pintar em tela.
Aqui fica o resultado da minha primeira.
Decidi lhe chamar "Roda da Fortuna", numa alusão à carta de Tarot com o mesmo nome e que julgo simbolizar muito do que se passa actualmente comigo e diz também respeito a todos aqueles que se aventuram em algo novo. Quanto a outras interpretações, não tenho mais a dizer por agora. Fico à espera de comentários e de licitações :) Esta parte final, era obviamente mais em tom de brincadeira, mas quem sabe algumas das futuras telas encantam mesmo alguém. Assim o espero.

p.s. A foto está toda torta, mas como fotografo é que nunca ia ter mesmo jeito...fica o esforço de tentar querer mostrar as coisas direitas.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

ANTURIOS E LIBELULAS

"A Tua Vida Interior é quase tão sedutora como o teu Corpo"

BAILARINA

sexta-feira, 25 de julho de 2008

FÉRIAS


Apesar de a mãe Natureza pregar partidas e o tempo muda da noite para o dia, a ideia de férias quando chega a esta altura do ano, não nos sai da cabeça. E quando pensamos em férias, o que nos ocorre? Que tipo de férias seriam as ideais? Será que quando estamos de férias, fazemos mesmo férias? Mas...não quero causar muito cansaço nas vossas reflexões, afinal muitos de voçês ou já estão de férias, ou vão estar brevemente, e aqueles que se lamentam que nunca tem férias, só estaria a dar-lhes mais um amargo tema ao seu animo. Por isso, uma vez mais, sem me alongar muito aqui fica uma das milhares de possiveis ilustrações do que se podia chamar férias.

terça-feira, 15 de julho de 2008

NARCISO


Apesar de a técnica se sentir um pouco a mutar, continua a ser um trabalho meu, porque afinal os meus elementos tipícos continuam lá, apenas com os toque e contorno diferente.
Escolhi o título narciso, por razões que podem parecer obvias, pela presença da dita flor no desenho, mas também pela reflexão que fiz há alguns dias: não será o diabo o maior de todos os narcisistas? Não será o mal e todas as suas formas um acto narcisista!? Escolher para nós o melhor entre muitas coisas de caracter vulgar, não será um acto pretensioso de narcisismo!

sexta-feira, 4 de julho de 2008

quarta-feira, 2 de julho de 2008

BRAIN AN BLOOD

Numa noite em que espaço e tempo já se tinham fundido numa amnésia, perdurava o brilho prateado de uma lua adormecida. Respeitando o silêncio do seu sono, dois corpos tinham mergulhado no abandono de um chão. Por entre ervas e pétalas de flores selvagens descansava a carne de dois seres extenuados. O suor do seu corpo era o orvalho daquela noite.
Por Eumesma

quinta-feira, 26 de junho de 2008

DEDALEIRA E FIDALGUINHOS COLORIDOS


Aqui está o resultado da imagem após o ter colorido.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

ESBOÇO BORBOLETAS



Indecisa entre concluir a lápis simplesmente ou colorir...

PARA A MINHA MELHOR AMIGA

















Sandra, amiga, se vires este desenho antes de te o oferecer, desculpa estragar a surpresa. Quando naquele dia me disses-te que gostavas de todos os meus desenhos, foi muito importante para mim, porque eu sei que ás vezes tenho umas temáticas estranhas para os teus gostos. No entanto, tentei fazer um desenho que julgo que te vai agradar, quanto mais não seja pelos simbolos contidos nele.
Digamos que é uma pequena lembrança para festejar este teu momento de felicidade. E que isso se repita para o resto da tua vida.

NOIVA CADÁVER (mas não do tim burton:)


NINFAS DE FLORBELA ESPANCA


quarta-feira, 4 de junho de 2008

UM SER NO PASSADO

É estranho com quem por vezes soltamos a nossa eloquência. Só tinha dele uma primeira e distante impressão. No meu estúpido e persistente hábito de catalogar seres humanos, tinha arquivado a impressão de: criança imatura, com forte resistência ao crescimento, humor igualmente infantil e embaraçoso, porém admito, um certo grau de inteligência, mas com a tal faculdade mal direccionada. Minha reação: aguardar. Um encontro fortuito, e é inicializado o diálogo de aparências. O como vais? Como estás? No entanto, algo mudou, em ti ou em mim não importa, o que importa foi o prazer que retiramos da nossa conversa...falei, falei muito, fiquei leve como nunca. Não sei para onde falei em ti. Em mim, ouvi o ecoar das palavras no meu coração. Soube extremamente bem porque finalmente descongelei o orgão que eu pensei não possuir. Começei a sentir a sua batida, e ela é mesmo a base da vida.
Hoje foi um dia estranho, encontrei-me contigo sem espectativa alguma, e sem grande esforço de parte a parte, regressei a casa plena de auto-realização. Como te confessei sinto-me em harmonia neste meu retiro natural, mas não se evapora em mim a noção da falta do restante mundo de rebuliço que me rodeia a alguns quilometros de mim. Hoje entrei nesse caos fisicamente, mas mentalmente fiquei na margem, num balançar ligeiro mas seguro. Continuei calma a observar a tua urbanidade. Tão relaxada que em todo aquele instante passamos a estar debaixo da pele um do outro. Falei-te de mim e eu de ti. Conclui que não te conhecia, tu chegas-te á conclusão que ainda tinhas muito por conhecer.
Que nunca o cíume destrua o que o amor constroi. Não quero que surja uma única dúvida que seja. As pequenas diferenças devem ser compreendidas e apreciadas pela existência da divergência. É nessas nuances, que surgem os motivos para o fortalecimento da relação quando devidamente assimiladas e equilibradas. Adoro-te muito...É fácil te amar, mas será sempre assim? Tenho receio pela natureza das nossas personalidades. Somos como martelo e bigorna. Duros de cabeça, mas talvez contra todas as aparências, moles de coração.
Tudo me fala de ti, tudo converge para ti, como centro e plenitude total. Tu não forças, mas convidas. Dás-me a honra de optar, o gosto de ser eu a decidir.
Sabes porque não quero que nada de mal te aconteça? Porque quero que tenhas tudo de bom. Que nem um só centimetro do teu corpo seja ferido, que nem uma só vontade tua seja lesada. Aceita-me como o anjo que te guarda. E por amor a este ser que pouco de divino possui, não o faças padecer tormentos que só forças divinas suportariam. Deixa-me que te proteja, porque sempre me defendes-te. Não te firas, porque me estás a ferir. Onde sofreres eu estarei a sofrer em mil outros sitios. Que estejas sempre abraçado pela seda da paz e da alegria, e que as correntes do infortunio e do mal estejam precipitadas longe dos teus pés. tenho medo por ti, por seres senhor de muita coragem. Quem não teme é por vezes o alvo mais certeiro da dor. Receia, és humano... Mas só pelo teu corpo de carne, teu espírito á muito está guardado em outro corpo de carne, no meu coração.
Obrigado, porque te encontrei, no regresso dos meus desvios. Graças te dou porque acreditas-te em mim. Não te escandalizaram as minhas loucuras, nem tomas-te a sério as minhas reincidências.
De que serve possuir o corpo de alguém, reclamá-lo como sendo seu objecto de escravatura, se tudo o que se possa ter, nunca nos possa pertencer. Um espírito selvagem é uma das forças humanas mais resistentes, para o seu acompanhamento nas constantes e longiquas deambulações só outro espiríto igualmente liberto.
**texto já com alguns anos de gaveta**by eumesma

segunda-feira, 2 de junho de 2008

IMAGEM DE SI EM SI MESMA

Imcompreendida!
É assim que se sente a alma possuidora de um corpo com a garganta esmagada. Nela não entra nem sai ar, palpita de sangue, fervilha de sentimentos, borbulha de emoções. Há toda uma tumefacção de reacções que gritam unissono no desejo de criar palavras e toda uma fracção de reacções opostas que abafam para que haja silêncio. Os tremores habitam-te e percorrem-te sussurando junto das partes do teu cerebro que ainda não foram tomadas pela névoa do caos, que és fraca, que tens de desistir de ti. Eles não te vão permitir que digas uma só palavra, que artricules uma só frase inteligivel e que exista o risco de alertares a tua presença. Os tremores vão continuar, e mesmo quando os julgares vencidos estes permanecem ocultos entre as defesas das tuas trincheiras. Baralharão os teus guardas e estarás sempre cativa de um inimigo criado em ti mesma. Treme e volta a tremer, esperneia e sacode o que não compreendes. Apoia-te nas poucas certezas que tens, se o teu perigoso espiríto pragmático assim conseguiu dar-te como verdadeiras. Pois, verdade ou mentira o que pode ser? Um todo numa só parte? Parte de um todo? Ou um todo que se parte? Chora, continua a chorar nessa tua batalha dos "porquês". Haverá muita dor, mas se por entre a água e o sal do teu choro, sentires a planta dos teus pés. Se todo o teu sangue descer até eles como um formigueiro endemoniado por um torrão de açucar, estarás a sentir o solo debaixo de ti. E num jogo de permissas muito simples, dirás, pés, chão, chão, ausência de abismo. Podes estar a um passo, mas será ainda a medida de uma unidade que faz a separação do tudo e do nada. O teu mundo de sensibilidade está escondido de todos pelo medo que te gela. Onde e quando se transformou no teu escudo! Perdes-te na memória o espaço que guardava esse tempo e essa hora. Ou então ele cresceu de tão mansinho, com a espessura das suas raízes a se cravarem em ti de modo tão imperseptivel que agora és uma rede de nós de sensibilidade, ligados por um fio de receios e fechado por um escudo de desconfiança. Tudo se aprisionou em silhuetas de sonhos e de figuras que não podem ser descritas na língua dos homens, nem serem ilustradas em papel pelos seus punhos. Só te resta uma saída, iniciar a jornada dos sinónimos do que te molda. Encontrar viajantes em sentido contrário e nas encruzilhadas da vida que tens para diante, porque o que fica se fecha. Oras, anseias e suplicas para não encerrares tamanho castigo. Tudo ofereces e nada pedes, apenas queres deixar de sentir o peso da solidão. As etapas da tua jornada vão ser compostas pela procura do preço a pagar pela desejada compreensão.
A tarde tem também estado toda ela imcompreensivel. No céu há uma parada de cúmulos-nimbus que desfilam e se elevam cada vez mais. Vão inchando de vapor e de luz. Avolumando-se numa ameaça de tempestade, que por enquanto se camufla por de trás de um aspecto inocente como se de algodão se tratasse. O sol que brinca com elas, de tão distraido que está ora é cruel pelo excesso de calor, ora despreza a terra e a enregela. Oh, que tédio mortificador, não mais ter, do que os elementos para causar distração e despreza-los tanto, quando se oferecem em companhia tão próxima. A noção de uma existência tão frágil, pode ser tão facilmente esmagada por estes elementos, que se torna dificil defini-los como amigos, ou inimigos, quando companhia é um termo tão vago. Hoje estou cativa numa espécie de torre, cativa de designios que não posso dispensar, mas logo que chegue a hora em que estarei liberta deles terei eu alternativas de escape a esta prisão temporária que me é imposta!
Para onde quer ir este estúpido corpo desprovido de asas, que tanto anseia a sua metamorfose leptidoptera mas que continua a rastejar como a mais vulgar das larvas, que já alguma vez mais será borboleta. Observo novamente as horas no meu relógio. E quando constato que faltam menos de dois minutos para partir, só desejo ficar, porque enquanto estive, não tinha que pensar para além do que tinha em meu redor. Agora que me obrigam a partir, apato-me do que rejeitava, mas que não tinha coragem de largar. Sou mais cobarde que uma criança assustada em redor de sua mãe. Agarrada a algo invisível, que não me protege nem me guarda, mas constitui uma esperança sem rosto que me diz que estou aqui, ou não estarei?
- Ana! Ouvistes o que te disse? Que rosto contraido, em que pensas tu?
- Hummm... que disses-te?
- Em que pensas tu? Ao que parece estive mesmo a falar para o vazio.
- Desculpa, não, não estives-te, mas confesso que estava distraida.
- E posso saber em que pensavas?
- Algo confuso, julgo eu, é dificil de explicar, mas também não era nada em concreto, logo, parece-me que não seja importante. Esquece. Que dizias?
POR EUMESMA

quinta-feira, 8 de maio de 2008

O Aviador




...


"É um homem! Deixou lá em baixo todo o fardo pesado e o vil com que o carregaram ao nascer; deixou lá em baixo todas as algemas, todos os férreos grilhões que o prendiam, toda a suprema maldição de ter nascido homem; deixou lá em baixo a sua sacola de pedinte, o seu bordão de judeu Errante, e, livre, indómito, sereno, na sua mísera couraça de pano azul, estendeu em cruz os braços que transformou em asas!"


...


"Contrairam-se em garras e, no alto, crispadas sobre a presa, são elas que algemam, são elas que escravizam, que subjugam as asas cativas!"


...


Máscaras do destino (Capítulo O Aviador), de Florbela Espanca.




DEMÓNIOS



Agora sim, o efeito desejado!

sexta-feira, 4 de abril de 2008

EQUILIBRIO ETERNO QUE ME PERTENCE


O mundo não é só uma Torre de Babel nas línguas com que nos expressamos, mas também nas leis que nos comandam. Um mundo repleto de coisas boas á espera de serem vividas. Vivo-as mais do que o que julgam. Mas como partilhar?


É complicado explicar sentimentos profundos através dos sentidos. É complicado ter alguém ao nosso lado quando só pensamos em lhe abraçar a alma. Trespassar todo o seu corpo com um toque invisível, que lhe esmague o coração entre os dedos ardentes de devoção. Olho as minhas mãos tão frágeis e humanas. Magras de força mas repletas de vontade. Retesadas como catapultas aguardando a hora de receber e aprisionar o que sempre me esperou pertencer.

No teu invólucro sombrio escondes e resguardas o que brilha para mim. Que sussurra através do tempo e do espaço para renascer nas masmorras dos meus dedos. Perfuro com um sopro quente um peito que se retesa e se oferece. És meu onde estiveres!

quinta-feira, 3 de abril de 2008

segunda-feira, 31 de março de 2008

"A ONTOLOGIA RECAPITULA A FILOGENIA"


O ANIMAL


PAPOILAS E ABELHAS


Uns mais cómicos e sarcásticos, outros mais surreais e horripilantes, mas como alguém dizia a Natureza mantem a sua constante presença nos meus traços. É um pouco dificil conceber algo sem ter vida no seu interior.


Desta vez optei por algo, mais sereno e inocente...ou não... Quando de repente revi o titulo, "papoilas e abelhas" reparei que ambas as coisas produzem toxinas que podem ser bastante dolorosas. Afinal não existem assim muitas coisas: á distância tem uma imagem bastante inofensiva, mas vistas de perto, podem ser de facto muito diferentes e até mesmo incomodas.

sexta-feira, 28 de março de 2008

PÁSCOA EM TANGA


Mais uma época festiva que passou (pelo menos para os católicos praticantes e assim assim), e mais uma vez ficaram valores e principos por serem aplicados. Onde está o Amor ao próximo, a Paz, a Entrega, a Sinceridade e Verdade? Mais uma vez impera a Gula, a Perguiça, a Soberba, a Ira, a Avareza...

Tanga de ideias, Tanga na carteira e Tanga para ir para o Brasil que isso fica sempre bem na Páscoa.

p.s. E umas amendoas minhas, sobre a forma de desenho, para demontrar um poucos de como os simbolos comerciais da Páscoa deviam ser representados:)

Eumesma

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

ESTADO LARVAR


PODRIDÃO COM OPORTUNISMO OU UM ECLODIR DE IDEIAS?

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

FLORES E BALAS


Quantas e quantas vezes estamos descontentes com a vida que temos, com aquilo que nos é dado. Não pode haver queixas se formos desprovidos de toda a vontade de conquista. Quantos de nós neste mundo podemos dizer que podemos apanhar flores em vez de balas, ler jornais e não transportar missivas de guerra. Se chove ficamos melancólicos, mas antes água que dá de beber á terra do que cinza e fogo que a asfixia e consome. Temos uma dor de cabeça e julgamos que é o fim do mundo e quantos não caminham sobre ele sem pernas e sem braços para o amarrar. Quando a casa está suja e desarrumada é uma chatice, mas muitos não sabem o que são telhas e só conhecem o pó como cama. Tantas coisas verdes no prato e alguns já não sabem o que é o prazer de engolir algo. Quantos de nós procuram odiar e em outros já não há lágrimas, já só procuram algum calor. Se não és feliz, podes ser apenas um pobre cego. Desprovido da beleza do dom da vida, ofuscado por ganâncias e invejas. Todos somos felizes se quisermos que os que estão ao nosso lado sejam felizes. Se hoje se sentir triste por aquilo que não tem, pense se já deu algo a alguém hoje.


Por Eumesma

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

FINAL D "PERFURAÇÃO"

Dig
Incubus

We all have a weakness
Some of ours are easy to identify
Look me in the eye
And ask for forgiveness
We'll make a pact to never speak that word again
Yes, you are my friend
We all have something that digs at us, at least we dig each other
So when weakness turns my ego up i know you'll count on the me from yesterday
If i turn into another dig me up from under what is covering the better part of me
Sing this song, remind me that we’ll always have each other when everything else is gone, oh
We all have a sickness
That cleverly attaches and multiplies
No matter how we try
We all have someone that digs at us, at least we dig each other
So when sickness turns my ego up i know you’ll act as a clever medicine
If i turn into another dig me up from under what is covering the better part of me
Sing this song (sing this song), remind me that we'll always have each other when everything else is gone
Oh, each other, when everything else is gone
If i turn into another dig me up from under what is covering the better part of me
Sing this song (sing this song), remind me that we'll always have each other when everything else is gone.
Oh, each other (sing this song) when everything else is gone
Oh, each other, when everything else is gone.
Dr. M.D. Obrigado pela Sugestão. De facto, à aspectos que parecem comuns.

EVOLUÇÃO D "PERFURAÇÃO"


ESBOÇO D "PERFURAÇÃO"


SINAPSES


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

PAISAGEM OUTONAL


Hoje decidi colocar aqui imagens(duas fotos minhas), ilustrações mais reais de um momento, e deixar um pouco de parte as palavras e os riscos de um desenho.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

TEMPO PENDULAR


Tique-Taque, o tempo
Não pára!
Tique-Taque, o tempo
Avança!
A ansiedade corroi...
A espera desmorona...
A partida não chega,
A chegada fica loge.
Estou e não estou,
Vou e não quero ir.
Chama por mim e
Recebe-me.
Acabei de partir!
Por Eumesma

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

DITO POPULAR


Estava eu hoje na rua a aguardar a hora de voltar ao trabalho enquanto caia uma chuva miudinha. Durante o tempo que esperava, resguardava-me da chuva com o meu pequeno e frágil guarda-chuva. Outras pessoas em meu redor, que nem essa consolação tinham, proferiam lamentos devido ao estado encharcado em que estavam a ficar. Até que, alguém de entre a pequena multidão proferiu a seguinte frase:


"A CHUVA É O SOL DE PERNAS LONGAS"


Ouvir aquela frase pode não ter ajudado a confortar quem estava a levar com a chuva em cima, mas a mim, fez-me sorrir com a imagem. Talvez tenha contribuido para suportar melhor a chuva que hoje caia.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

UM CAFÉ


Estava eu rotineiramente no café a calar a fome do corpo e a acalmar a do espírito lendo um dos jornais do nosso país, não interessando qual. Porque novidades não se devem procurar nos jornais. Nesta imprensa a novidade acaba por ser cíclica e mais tarde ou mais cedo as noticias parecem repetir-se e o mundo gira enfastiado. Continuava eu lendo títulos e subtítulos, folheando já as últimas páginas e bebendo os últimos golos do meu sumo natural, quando no café vazio e arrefecido pelo ar condicionado, em que apenas as moscas e os empregados davam voltas. As primeiras para povoarem a sujidade e os segundos para a desalojarem. Entra um senhor muito informal mas com um pisar seguro. Dirigiu-se ao balcão e obviamente pediu um café curto. Devido ao seu aspecto banal, abandonei a minha observação, continuando a ler as previsões astrológicas, não tanto por crença mas por curiosidade kármica. Voltei a levantar o rosto para a rua e talvez por estar um calor tão infernal que nem a belzebu lembra, esta se mantinha quase deserta. No entanto, a tarde ia-se desvanecendo, tal como o meu estado de espírito. Uma forte melancolia tinha-se abatido sobre mim há vários dias e o meu isolamento ambiental a que me via submetida aumentava o meu sentimento de enfado e solidão. Portanto, nesse dia dei a melhor recompensa que se pode dar à dor da solidão. Pactuar com ela e baixar o meu olhar. Deixar cair o meu cabelo sobre as faces e terminar a minha leitura oca. Lentamente as sombras mortas do café moveram-se ganhando vida. Uma grande sombra aproximou-se da parte de trás da minha nuca.

GÉIA


Sou tão telurica que vejo os corpos como pedaços de terra...


Por Eumesma

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

"Uma Teoria de Felicidade"

Henrique Rojas, filósofo contemporâneo espanhol, autor do livro “Uma Teoria de Felicidade” (editado pela Tenacitas), assegura que a chave para atingir a felicidade, não no sentido de a “agarrar”, mas de a conquistar a par e passo implica duas condições fundamentais:1º desenvolver uma personalidade equilibrada e uma atitude mental positiva, no sentido de promover um verdadeiro encontro conosco próprios. Em 2º, ter um projecto de vida coerente, que nos projecte positivamente no futuro e funcione como um estímulo e uma esperança renovada no dia de amanhã…
…Sem saber quem somos verdadeiramente, não podemos escolher um caminho à medida da nossa personalidade, dos nossos sonhos e desejos. Esse conhecimento implica sermos capazes de nos olharmos com lucidez e coragem, avaliando as nossas qualidades e competências, mas também o nosso lado mais escuro, bloqueado, congelado, porventura não assumido, como os medos que nos fazem criticar, discriminar ou vingar. Conhecermo-nos, apesar dos limites inevitáveis, pois a natureza humana é imensamente complexa e profunda, ajuda-nos a gerir a dor e o sofrimento. Uma personalidade saudável conhece a imprevisibilidade do seu carácter e temperamento e tem um conhecimento cabal sobre si próprio, o que implica uma certa capacidade de poder prever as situações e evitar ou estabelecer uma estratégia adequada ao momento, segundo os recursos que possui. Por outro lado, também é importante desenvolver a capacidade de conhecer bem os outros. Para isso, é necessário aproximar-nos deles, mantendo uma espécie de distância crítica que nos permita afinar a intuição e a sabedoria sem julgamentos prévios nem expectativas negativas.
…Fundamental para o nosso equilíbrio pessoal, a flexibilidade é própria de uma inteligência prática que permite adaptarmo-nos a novas situações. E a verdade é que a vida nos trás muitas surpresas e reveses. Neste caso, o apego excessivo ao poder e aos bens materiais torna-nos perigosamente vulneráveis às crises inesperadas. Mas quando centramos a nossa felicidade em projectos e em convicções, resistimos melhor aos embates. Aprender com as experiências da vida, ter a capacidade de perceber e corrigir atitudes, de forma a não repetir erros do passado, é decisivo na evolução da nossa vida e uma prova de maturidade. Exige atenção e sabedoria para estar consciente dos sinais que nos são dados do exterior. Se a procura da felicidade é individual, na medida em que devemos ser totalmente responsáveis por nós e pela adequação que vamos desenvolvendo em relação às diferentes circunstâncias e obstáculos com que nos deparamos, também é certo que os outros têm um papel fundamental nesta aprendizagem. Da própria concepção de felicidade fazem parte as relações com os outros. Sozinhos não podemos ser felizes. Eles sejam filhos, irmãos, amigos ou companheiros de trabalho, são o nosso espelho, devolvem-nos a nossa imagem e ensinam-nos limites. As suas reacções levam-nos a repensar as nossas atitudes e a perceber o impacto que causam. Por outro lado, activam os nossos sentimentos, incentivam a partilha, a dádiva, o prazer da troca de afectos. Com os outros aprendemos a aceitar o que é bom e o que é mau. Seja nosso ou deles……Aconselho a desenvolver a sabedoria do coração.

O CORVO E A MAÇÃ


Por Eumesma