domingo, 21 de outubro de 2007

DIVAGAÇÃO


Sem nada que fazer, emersa em preguiça, resolvo te dar algumas palavras descritivas de como decorre este meu ocioso dia. A culpa desta falta de inércia não é só minha, é também consequência do estado meteorológico. Um dia que nasce, e que em nada é presságio do que vai dispor. A tarde começa neste fim de estio e o ar é o expoente máximo de saúde. Ao contrário dos dias anteriores, uma frescura saborosa é constantemente aspirada. O sol lança raios que aquecem o sangue mas sem o fazerem borbulhar. Céu e Terra tocam-se e trocam cor branca. Tudo é limpo, tudo é alvura. A copa das árvores revitalizou-se da sua crestação infligida recentemente, porque por muito maltratada que seja pela luz, terá sempre um perdão. Se eu desejasse ter ausência de som, este também era um daqueles dias que proporcionava isso mesmo. Se eu não quisesse ruído, não havia ruído. Haviam sons mudos.
Fico olhando as montanhas, procurando na sua forma a forma com que te desejo…sólido e firme. Sem nada que te demova, para que também nada me atinja…
Estou a imaginar-te aí longe, onde nada do que é físico em mim pode atingir, mas tudo quanto é incorpóreo te envolve. Tuas conexões nervosas, teu pulsar, teu respirar, teu exsudar, tudo o que a tua existência provoca é motivo de revolução em mim. E tu aí tão longe…
Afinal este dia é capaz de não ser assim tão graciosamente belo. Adianto mais, é me cruel e zombador. Mostra-me o que podia desfrutar contigo, mas retira-me o principal. A tua presença.
Que vaga que fico, em que muda me torno, qual pássaro desprovido de liberdade.

Dia corre velozmente e o amanhã também…

Por Eumesma

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