Nietzche (1844 – 1900), foi um
dos filósofos que contribuíram com soluções concretas para mitigar o
sofrimento, quer se trate de ira, angustia, desespero ou desprezo por si mesmo.
Na realidade, Nietzche pensava que o sofrimento e a desolação são absolutamente
essenciais para formar o carácter. Não podemos apreciar o que significa a
verdadeira felicidade sem antes termos sofrido. Isto significa que as
dificuldades de qualquer tipo devem ser recebidas por aqueles que aspiram a
sentir-se realizados. “Aos homens que me interessam, desejo-lhes sofrimento,
abandono, doenças, maus tratos e desprezo.” Escreveu. A sua filosofia assevera
que a plenitude não é alcançada evitando a dor, mas sim reconhecendo o seu
papel como um passo natural no caminho que é necessário percorrer para alcançar
qualquer coisa de bom. O pensador alemão compreendeu que apenas uns quantos
eleitos pareciam ter conseguido uma plena realização nas suas vidas. Os membros
desse pequeno grupo de privilegiados mereceram-lhe o título de “super-homens”,
um dos termos mais controversos do léxico nietzschiano. Numa carta a sua mãe, o
filósofo confessou que já não era vivo ninguém que lhe interessasse. “As pessoas
que me agradam morreram há muito tempo. Por exemplo o abade Galiani ou Henri
Beyle (Stendhal) ou Montaigne.” Eram curiosos, intrépidos, ambiciosos, grandes
artistas, tinham sentido de humor e mostravam-se sexualmente vigorosos. Tinham
suportado o sofrimento exigido pela criação de uma obra-prima. Mas Nietzche
também acreditava que a plenitude estava ao alcance de qualquer ser humano. “É
apenas uma questão de nos propormos a isso e de sofrermos nesse empenho.” O autor
de Assim falou Zaratustra passou
alguns Verões nos Alpes, onde se dedicava ao montanhismo. A escalada de uma
montanha constitui uma boa metáfora para o seu pensamento. Para o filósofo, o
sopé da montanha é a mediocridade, à medida que sobe, o montanhista sofre
fisicamente para atingir o seu objectivo. Finalmente, a chegada ao cume é a realização
de tão desejada plenitude.
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