quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

FRAGILIDADE APARENTE


“- Não gosto que exponhas as tuas fragilidades!”disse-me um amigo.

Deixa que te relembre que somos fragilidade. “Lembra-te ó Homem que és pó e ao pó hás-de voltar”. Não é apenas uma frase retirada de um texto religioso, mas uma grande verdade a todos os níveis. É uma verdade Biológica. É uma verdade Temporal. É uma verdade Humana. Pouco mais temos em força do que uma vulgar colmeia. Somos grandes em estatura, mas frágeis em organização. Temos betão e dinheiro mas a Natureza é ainda detentora da força de destruição e da fome, se assim o entender.

Um ser no meio de uma comunidade pode aparentar ser forte, mas só, pouco pode. A fragilidade manifesta-se. A fragilidade existe. É no não a ignorar, que está o segredo para a combater, resistir, ultrapassar e sobreviver.

- Não demonstro as minhas fragilidades. Exponho o que sou. Não sou fraca, nem quero ser forte. Ajudo e quero ser protegida. Amparo e aguardo carinho.

Se julgas que por falar de medos, receios, angustias, estou a extirpar o meu ser. Se receias pelo mal que me podem infligir, pela queda que me podem provocar! Não temas. Admito fraquezas, mas reconheço a força.

A força do carvalho, que parte mas não verga. As lágrimas que podem ser apenas orvalho. As tremuras que os frios provocam. A dureza que as escarpas reproduzem. A protecção espinhosa do tojo. O sangue que flúi quente como o de um lagarto ao sol sobre as rochas. A coragem dos lobos e a liberdade das águias. Assim também posso ser eu. Minha mãe Natureza me dá Vida. É a minha Força.


Por Eumesma, dedicado a R. Alves

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